APRENDIZ DE LEITOR

Uma página de alguém que, por influência e necessidade, decidiu dedicar mais tempo a leitura e ao devaneio. Consciente de que a produção textual é um desafio que se faz necessário a cada dia.

domingo, 24 de janeiro de 2010

NÃO GOSTO DISSO. URGH!


Ao nascer temos contato com um dos elementos primordiais à nossa existência. O leite materno. Muitas crianças nascem com uma enfermidade chamada refluxo, o que não permite que certos alimentos fiquem no estômago. E acabam, assim, regurgitando todas as vezes que se alimentam. Mas com o passar do tempo e com tratamentos tudo se resolve e começam a se alimentar normalmente.

Quando crescem começam a selecionar tipos de comida. Não por conta de doença agora, e sim por vontade própria. A mãe até que insiste várias vezes para que o filho como de tudo afirmando que é bom para o crescimento. Verduras, frutos, legumes e outros, mas é inútil porque aquilo que está sendo oferecido pode não ter o sabor que esperam e, sendo assim, preferem deletá-los de vez de todas as refeições.

Agora já freqüentando a escola as crianças se alimentam, não apenas de comidas comuns, mas de leituras que pouco agradam, não ao estômago, mas ao ego. Quando a professora pede leituras para casa é ilusão porque quase sempre chegam sem essas leituras realizadas. Existem raras exceções, é claro.

Já na universidade paramos e percebemos que não se alimentar de certas leituras que foram propostas tempos atrás nos faz falta hoje. Crescemos sim, mas com carência nessa área. Quando nos oferecem uma leitura que não gostamos, logo dizemos que não queremos nem ao menos ver a capa do livro. Quem sabe se provássemos sentiríamos grande prazer em degustar esse algo estranho.

Trilhar o universo da leitura, para muitos, é como se fosse engolir todas as comidas que se abomina. Ao ponto de pensar que pode se ter indigestão ou coisa assim. E tem. A cabeça dói, as vistas cansam, e dizemos não entender nada disso que lemos. É desafio constante manter-se nesse caminho. As letras, às vezes, nos sufocam, mas por outro lado abrem completamente nossa visão e nos faz ir além daquilo que vemos.

A leitura é um único caminho que nos tira da completa ignorância e nos auxilia a enxergar a sociedade em que vivemos com olhos mais críticos. Agora, depender de outros para sair desse submundo é não usufruir da inteligência que possuímos. Uma pessoa que muito adimiro e que considero importante disse: “Ou nos tornamos autodidatas, ou seremos eternamente burros”. Aceita?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

UM TEXTO UM TANTO QUANTO SEM... NEXO.



Depois de muitas tentativas. Incontáveis até. Nada. Não funcionava. Porém, a persistência falava mais alto e não desistia de seu maior objetivo. Travar mais uma daquelas boas conversas

-Bom dia!
-Bom dia, como está?
-Bom as coisas não estão muito bem... Deixa pra lá.
-Mas... o ano mal começou, como as coisas parecem não estar muito bem? Não há razão.
-Nunca há razão pra nada. Tudo acontece de forma não planejada. Sabe, às vezes ou sempre, não consigo entender o motivo de várias coisas que me acontecem.
-É... acho que você tem razão. Mas devia levar as coisas menos a ferro e fogo. Assim você acaba se estressando menos.
- Não sou estressado.
- Mas eu não disse afirmando que você seja uma pessoa assim.
- Disse sim. O único problema é que me preocupo demais com tudo. Sei bem que existem algumas coisas que eu poderia deixar de lado, mas não consigo.
- Porque não tenta.
- Como assim não tento? Eu me mato de tentativas, porém, sempre frustradas.
-Você apenas diz não se preocupar... eu sei que você disfarça todo o tempo.
- Não. Você não sabe. Ou sabe? Espera. Me fala mais sobre esse EU SEI.
- É melhor deixar pra lá. Não me sinto bem para te dar explicações hoje.
- Tudo. Não insisto. Você conhece muito bem minha ansiedade. Mas, concordo com você. Esquece.

E a conversa continuava fluindo como rio. Um rio que às vezes dava de frente um com o outro e nas forças das correntezas originavam-se correntes elétricas.

- Hummmm... Que tal falarmos de coisas boas. Coisas que façam rir.
- Não sou comediante. (risos).
- É. Pode até não ser mesmo, mas que parece, parece.
- Sério? Acha então que eu levaria jeito pra palhaço? Tenho dom pra isso.
- Prefiro não dar uma resposta que parece ambígua demais aos seus ouvidos. Pode inervar.
- Fala. Tenho dom pra palhaçada né. Sabe, conheço uma pessoa, prefiro manter sigilo, que ri de tudo que falo. Acho que ela pensa igual a você. Que ao invés de professor eu deveria ser palhaço. É uma boa profissão.
- ( Muitos risos)
- Do que está rindo. De mim, pra mim, por mim...
- Da situação. Me diverte muito. (Mais risos).
- Onde está a graça disso tudo. Quero mudar de assunto.

Era tudo permitido. Todos os diálogos poderiam ali ser travados. Dependia da entonação e das pausas que se colocavam em cada momento.

-Todo bem mim. Mas eu estava gostando do anterior.
- Prefiro outra.
- O quê? Como asssim?
- Outra conversa oras. O que você pensou?
- Não pensei nada.
- Sei... não pensou nada.
- Estou dizendo que não.
- Percebo agora grande inversão na situação. Quem era a pessoa estressada aqui não era eu? Pois está demonstrando agora que no fundo você é pouco diferente de mim.
- É que fala umas coisas que acabam me confundindo. É o lance da ambigüidade que eu tento, a todo tempo, evitar, mas você pelo que percebo, não se importa em me deixar com confusão mental, no bom sentido.
- (Risos) Mas não há confusão mental no bom sentido.
- ...
- ...

Era bastante perceptível que essa conversa não se findaria por tão breve. E ali continuaram por muitas e muitas horas. Grandes descobertas. Mais e mais risos. Às vezes choro. Muitas vezes iam e vinham e no decorrer dos dias a mesma ação se repetia. Havia possibilidade de não se falarem. Muito raramente isso aconteceu. Não existem registros de nenhum dos diálogos travados. Excluíram as pastas que são registradas pela fantástica janela do Windows Live Messenger.